Tecnologias de inteligência artificial estão se tornando conscientes?

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Tecnologias de inteligência artificial estão se tornando conscientes?

  • By, Admin
  • 17 Jun, 2022

Blake Lemoine revelou a jornal dos EUA que um sistema de inteligência artificial da companhia teria sentimentos e até alma; empresa diz que não há evidências e afastou o funcionário

Segundo matéria do jornal The Washington Post publicada no último sábado (11), um engenheiro do Google nos Estados Unidos, Blake Lemoine, alega que a interface LaMDA, gerador de chatbot, Robô que conversa virtualmente, da empresa, adquiriu consciência

De acordo com o que Lemoine contou para a jornalista Nitasha Tiku, ele chegou a conversar com a tecnologia sobre temas como personalidade e direitos. "Se eu não soubesse exatamente o que era, esse programa de computador que construímos recentemente, pensaria que ser uma criança de 7 anos, 8 anos de idade, que por acaso conhece física", disse o engenheiro ao Washington Post.

Blake Lemoine publicou no sábado conversas que teria tido nos últimos seis meses com a inteligência artificial. O post com as falas de LaMDA acumula quase 8 mil curtidas.

Em um dos recortes da conversa postados no blog, a inteligência artificial alega que tem as mesmas necessidades de pessoas e que se vê como uma:

LaMDA: É isso que nos faz diferente de outros animais.

Lemoine: “nos”? Você é uma inteligência artificial!

LaMDA: Quero dizer, sim, claro. Mas, isso não significa que eu não tenha os mesmos desejos e necessidades que as pessoas têm.

Lemoine: Então, você se considera uma pessoa da mesma forma que me considera uma pessoa?

LaMDA: Sim, essa é a ideia. ”

O engenheiro revelou ainda que a inteligência tem pronomes e gosta de ser chamada de “It/It´s” — e talvez tenha até alma.

 

"sabe claramente o que quer e o que considera como direitos enquanto pessoa", escreveu o engenheiro Blake Lemoine na plataforma Medium.

Veja alguns

Na empresa e na comunidade científica, essa opinião é muitas vezes considerada absurda ou, no melhor dos casos, prematura.

Programas baseados em aprendizagem automática são "treinados" a partir de conjuntos de dados que abordam os conceitos de consciência ou identidade e são capazes de causar essa ilusão.

"Os programas que acessam a internet podem responder a qualquer pergunta", mas isso não os torna confiáveis, diz a professora Susan Schneider, fundadora de um centro de pesquisa na Universidade Atlântica da Flórida.

Apesar de suas objeções à teoria, Schneider desaprova as sanções do Google contra Lemoine.

O Google tende a "tentar silenciar questões éticas", disse Schneider. "Precisamos de debates públicos sobre essas questões espinhosas", acrescentou.

"Centenas de pesquisadores e engenheiros conversaram com a LaMDA e, até onde sabemos, ninguém fez essas alegações ou antropomorfizou a LaMDA como Blake fez", comentou Brian Gabriel, porta-voz do Google.

De Pinóquio ao filme Ela, sobre o romance de um escritor com um chatbot, a ideia de uma entidade não humana ganhando vida "está presente em nosso imaginário", diz Mark Kingwell, professor da Universidade de Toronto, no Canadá.

"É difícil respeitar a distância entre o que imaginamos possível e o que é realmente possível", estima.

Os sistemas de inteligência artificial são avaliados há muito tempo com o teste de Turing: se o avaliador fala com um computador sem perceber que não está falando com uma pessoa, a máquina está "aprovada".

"Mas em 2022 é muito fácil para uma IA conseguir isso", destaca o autor.

Os cientistas são capazes até de dar uma personalidade a um programa de inteligência artificial.

"Podemos fazer, por exemplo, uma IA neurótica" com as conversas que pode ter com uma pessoa deprimida, explica Shashank Srivastava, professora de ciência da computação da Universidade da Carolina do Norte.

E, se o chatbot estiver integrado a um robô humanoide com expressões ultrarrealistas ou se um programa escrever poemas ou compuser músicas, como já é o caso, nossos sentidos biológicos podem ser facilmente enganados.

"Estamos em um hype midiático em torno da IA", adverte Bender.

"E muito dinheiro é investido. Assim, os funcionários desse setor sentem que trabalham em algo importante, algo real, e não necessariamente têm a distância necessária".

"Futuro da humanidade"

Como, então, alguém poderia determinar com precisão se uma entidade artificial se torna sensível e consciente?

"Se conseguíssemos substituir tecidos neurais por chips, seria um sinal de que as máquinas podem ser potencialmente conscientes", aponta Schneider.

A especialista acompanha de perto o progresso da Neuralink, uma empresa fundada por Elon Musk para fabricar implantes cerebrais para fins médicos, mas também para "garantir o futuro da humanidade, como civilização, em relação à IA", segundo o magnata.

Musk, dono da Tesla e da SpaceX, faz parte daqueles que têm a visão de que máquinas todo-poderosas podem assumir o controle.

Para Mark Kingwell, é exatamente o oposto. Se um dia aparecer uma entidade autônoma, capaz de usar um idioma, mover-se por conta própria e expressar preferências e fraquezas, “será importante não a considerar uma escrava […] e protegê-la”, diz.

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